Vestir-se de mulher, o que é isso?
Tempos atrás fiz uma série de textos para Franca Magazine, no Chile, sobre os universos visuais e as sensações através do vestuário. Achei que o mês da mulher era uma boa oportunidade para trazer um desses textos de volta e falar do universo visual feminino, concordam?
O mês da mulher é uma oportunidade para refletir sobre a importância da igualdade de gênero e da valorização das mulheres em todos os aspectos da sociedade, incluindo a moda e o vestuário. No contexto do vestir, é importante reconhecer que cada pessoa tem sua própria identidade e estilo pessoal, e que não há uma única forma de se vestir de forma feminina. O feminino pode ser expresso de diferentes maneiras, seja através da sutileza ou da força, e pode ser incorporado em diversos estilos e tendências.
A moda e o vestuário devem ser uma forma de expressão e empoderamento, permitindo a cada um sentir-se confiante e confortável em sua própria pele. Compreender o que cada sensação, demanda ou prioridade significa na hora de se vestir e como isso pode ser traduzido em elementos visuais (materiais, cores, formas, detalhes, composições) ajuda muito a criar seu estilo, construindo looks e combinações que realmente te representem.
Estilo é intenção, e quanto mais nos conhecemos e mais ferramentas temos, mais genuinamente nos vestimos.
Intenção: Feminilidade
Por definição, o feminino se refere ao que é próprio, relativo ou pertencente à mulher. Estamos em 2023 e sendo sensata, essa definição pode ser interpretada de qualquer forma. Quando falamos de roupas, o feminino geralmente se expressa em tudo que representa oposição ao masculino (o que conceitualmente tem a ver com o universo dos homens).
A partir daí podemos pensar em dois caminhos (que não precisam ser exclusivos ou excludentes): o da sutileza e o da força. A primeira chama a atenção por utilizar recursos visuais que transmitem delicadeza, proximidade, acessibilidade, suavidade. A segunda usa signos que representam poder, sensualidade. Cada look é uma composição e obviamente podemos ter elementos dos dois universos (e de outros) misturados, compondo algo único. Algo com sua identidade.
mensagem: sutileza
O feminino sutil é delicado, inclusivo, acolhedor, compassivo, flexível, fluido, intuitivo. Assim, materializa-se em peças de vestuário com as mesmas características, sem necessidade de ligação com orientação sexual e identidade de género. Alguns recursos podem ser:
Babados, laços, cores suaves, cachos, tudo que é "terno", delicado.
Movimento e fluidez (na roupa, no cabelo, nos acessórios…)
Transparências suaves, rendas, artesanato
Cintura marcada, sapatos que mostram os dedos, acessórios arredondados
mensagem: força
O feminino visceral é a conexão com o físico, com a fera que está dentro. É sensual, sedutor, sensorial. Mostra a pele e carrega uma energia um tanto agressiva. Alguns exemplos:
Pele à mostra: decotes, curtos, justos
O universo cabaré: veludo, cetim, alças, espartilho, renda escura
O universo do fetiche: couro, anéis, animal print, cabelo, correntes pesadas, spikes
Para você, o que é feminino? Você considera seu vestir feminino?
Quando eu pergunto isso para as minhas clientes, as respostas são as mais variadas e nem sempre traduzidas em elementos visuais. Muitas vezes tem mais a ver com atitude. Nosso vestir é um quebra-cabeça de diferentes necessidades e desejos traduzidos em roupas, acessórios e styling. A mensagem e personalidade que se transmite através da nossa imagem é o resultado da composição que construímos reunindo toda esta informação. Convido você a continuar questionando, testando e observando.
nota: este texto é uma revisão e adaptação de um texto meu publicado na revista digital chilena Franca Magazine em setembro de 2021.
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